De joelho de jogador de futebol a carro popular, de celular de última geração à vida de alguém, sempre existe um seguro para proteger a integridade física de algo valioso. E não é diferente para as obras de arte, já que elas podem valer milhões de dólares e ter uma importância histórica incalculável. Mas como funciona um seguro de obra de arte?
Para começar a entender as particularidades desse tipo de proteção, é preciso saber que as seguradoras costumam chamar de “seguro de belas artes”. “Para as seguradoras, isso significa não apenas pinturas, gravuras e quadros, mas também tapeçarias, vitrais e outras obras de arte autênticas de raridade, valor histórico ou mérito artístico”, afirma Ricardo Minc, Diretor Técnico da Affinité Corretora de Seguros, que protege as exposições e coleções do MASP, em São Paulo.
Abaixo, entenda melhor sobre como funciona o seguro de obras de arte.
Como funciona o seguro de obras de arte?
O mais comum é que o seguro cubra o que se chama “wall-to-wall” ou, no Brasil, “prego a prego”. Em outras palavras, nesse modelo de contrato de seguro de obras de arte para exposições (nacionais ou internacionais), os trabalhos ficam segurados do momento em que saem da parede da instituição onde estão e durante o caminho até o local em que ficarão expostas o período de exposição e a volta para casa. “Contratamos sempre um Conservador de Obras, [um profissional contratado] para atestar o estado da obra em diferentes fases do processo”, afirma o MASP em nota.
“Isso proporciona segurança tanto para o comodante (proprietário) quanto para o comodatário (instituição que recebe a obra em comodato). O seguro é considerado uma medida essencial para garantir a segurança e a integridade das obras de arte, sendo benéfico para ambas as partes envolvidas”.
MASP
Segundo Ricardo Minc, esse tipo de seguro “prego a prego” envolve proteção principalmente para os seguintes itens::
- Embalagem e envio;
- Trânsito;
- Armazenamento;
- Controles ambientais;
- Incêndio;
- Roubo;
- Riscos políticos.
Há muitos detalhes técnicos nas coberturas, como os tipos específicos de materiais usados na embalagem, quais dados devem constar nos laudos do conservador, qual meio de transporte será usado e como será a proteção durante o trajeto e até o nível de experiência dos funcionários que farão o manuseio das obras de arte. Mas isso, claro, fica no protocolo entre as instituições e a seguradora.
Além de museus, as obras também podem ficar sob os cuidados de galerias e leilões, que vendem os trabalhos. Nesse caso, o seguro de obras de arte prevê uma responsabilidade compartilhada entre o proprietário e o negociador. Segundo Minc, a tendência é que as galerias fiquem cada vez menos com obras físicas e tornem seus catálogos digitais, para evitar os altos custos da guarda.
Quais são os principais riscos que corre uma obra de arte?
Segundo Ricardo Minc, existem alguns riscos considerados mais comuns, que podem ou não estar cobertos pelo seguro, e têm o poder de diminuir o valor de uma obra ou até acabar com ela de vez. São eles:
- Incêndio e fumaça;
- Danos por água;
- Variações de temperatura e umidade;
- Terremoto;
- Exposição à luz;
- Insetos e pragas;
- Roubo;
- Vandalismo;
- Manuseio inadequado;
- Danos em trânsito.
Ele cita que, dependendo do material, as ameaças podem ser maiores ou menores. “Há riscos específicos para diferentes tipos de obras. Um exemplo é o efeito da poluição do ar na escultura e na alvenaria de calcário, capaz de destruir completamente a obra”, diz Minc.
Quais são as responsabilidades de quem vai receber as obras de arte?
Quando uma pessoa faz um seguro de carro, fica estabelecido no contrato o lugar onde o veículo passa a noite, por exemplo, o que interfere no custo para o cliente e pode inclusive levar ao não pagamento do prêmio se a regra não estiver sendo cumprida pelo proprietário em caso de algum incidente.
A mesma lógica vale para um seguro de obras de arte – e as obrigações são ainda mais detalhadas, por se tratar de objetos muito sensíveis e extremamente caros. O MASP descreve, abaixo, as principais responsabilidades de armazenamento que cumprem quando recebem obras de arte.
Condições adequadas de climatização
Manter as condições ambientais dentro dos parâmetros recomendados, como temperatura entre 20°C e 22°C e umidade relativa entre 50% e 55%, que são rigorosamente controlados em áreas de guarda e reservas técnicas. Isso ajuda a prevenir danos causados por variações extremas de temperatura e umidade.
Segurança e conformidade com as normas de segurança
Contratar equipes de segurança e bombeiros que operam 24 horas por dia, sete dias por semana, para garantir a vigilância constante do espaço. Garantir que as instalações do museu atendam às normas e exigências do corpo de bombeiros – isso inclui a verificação e manutenção dos sistemas contra incêndio e a implementação de medidas de segurança física.
Checagem e manutenção contínua
Realizar verificações regulares para garantir o funcionamento adequado dos sistemas de segurança e climatização.
Procedimentos de emergência
Estabelecer procedimentos claros para situações de emergência, como incêndios ou desastres naturais, incluindo treinamento regular para a equipe de segurança, brigadistas e a realização de simulações.
Documentação e Registros
Manter registros detalhados das condições de climatização, medidas de segurança implementadas e manutenção regular.
Com que frequência é preciso ativar um seguro de obra de arte?
Qualquer pessoa que contrata um seguro espera nunca precisar ativá-los, mas eles estão aí para isso, para os momentos de emergência quando o inesperado acontece. Segundo o MASP, porém, todas as etapas de checagem e verificação tornam esses eventos muito raros.
“A contratação de seguro para obras de arte é, de fato, uma medida preventiva destinada a fornecer segurança financeira em caso de danos ou perdas, mas a intenção é minimizar ao máximo a necessidade de acionar o seguro. Ao investir em práticas de conservação preventiva, controle rigoroso de temperatura e umidade, segurança, e ao contratar profissionais altamente qualificados para manuseio e transporte, minimizamos os riscos de danos às obras de arte e evitamos a ativação do seguro”.
MASP
Segundo a instituição, pelo menos nos últimos 14 anos o seguro não foi acionado uma única vez.
Nubank e MASP, uma parceria no mundo das artes
Se você quiser ver obras verdadeiras e de importância reconhecida no mundo da arte, pode visitar o MASP, um dos mais importantes museus da América Latina, que tem patrocínio do Nubank desde outubro de 2023. Atualmente, está em cartaz a exposição “Histórias indígenas”, que acontece de outubro de 2023 até 25 de fevereiro de 2024.
A mostra “Histórias indígenas” apresenta diferentes perspectivas sobre as narrativas indígenas das Américas do Sul e do Norte, Oceania e Região Nórdica, por meio de trabalhos de várias mídias e tipologias, origens e períodos, que cobrem desde a época anterior à colonização europeia até o presente. A curadoria das obras também é feita por artistas e pesquisadores indígenas ou de ascendência indígena.
Fique atento à programação do museu e visite as mostras patrocinadas pelo Nubank.
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