Cerca de 650 pessoas passaram pelo Auditório do Ibirapuera, em São Paulo, para a segunda edição da Boogie Week, o evento de inovação, tecnologia e cultura patrocinado pelo Nubank que aconteceu no dia 1º de novembro de 2022.
O evento abriu o calendário de celebrações do Mês da Consciência Negra e faz parte da missão do Nubank de contribuir para a criação de um mundo menos complexo, mais igualitário, que valoriza a diversidade e onde plantamos sementes que vão germinar e florescer no futuro para as próximas gerações.
Com mais de 10 horas de programação ao vivo, a Boogie Week reuniu criadores, comunicadores e artistas em um mesmo lugar – e entre tantas figuras interessantes que passaram pelo evento, destacamos o trabalho de 04 profissionais inovadores de diferentes áreas, que vivem a cultura preta na prática e que certamente podem te inspirar a criar com propósito.
Eliane Dias, advogada, empresária e produtora
Eliane Dias é uma mulher potente. Nascida e criada na periferia de São Paulo, a empresária acumula experiências distintas no currículo: antes de ser responsável pela gestão de carreira do Racionais MC’s, o maior grupo de rap do país, ela já foi babá e empregada doméstica.
A formação em Direito foi o trampolim para o mundo dos negócios, onde ganhou prêmios e reconhecimentos, como o título de empreendedora musical do ano no Women’s Musical Event Award, em 2017.
Eliane também está à frente da Boogie Naipe, produtora musical que criou junto com Mano Brown em 2013. Ela assina a concepção e idealização da Boogie Week ao lado da produtora e diretora executiva Marina Deeh e do diretor de comunicação e criativo Luiz Félix.
Em todos os trabalhos que faz, Eliane coloca intencionalidade e paixão. Além de ser uma profissional referência no que faz, ela concilia a vida de negócios com o ativismo político, dentro dos temas de gênero e diversidade racial.
“Eu quero igualar e não tirar ninguém. Eu sei a dificuldade que eu enfrento para ser quem eu sou e tem sempre alguém tentando me impedir de chegar a algum lugar. Então se eu tenho condições de incluir e fazer isso com as equipes onde trabalho, essa é a proposta”, completa Eliane Dias.
Kondzilla, produtor musical e diretor de criação
Kondzilla é o nome artístico de Konrad Dantas, o produtor que levou o funk brasileiro a outro patamar. Natural da favela de Santo Antônio, no Guarujá, litoral paulista, o empresário de 34 anos começou na música para complementar a renda, finalizando os vídeos de outros artistas.
Sua marca se tornou mais evidente após o clipe “Megane”, do MC Boy do Charme. Esse foi o primeiro videoclipe assinado por ele sob a alcunha de Kondzilla. Em menos de um mês, o vídeo bateu a marca de um milhão de views no YouTube do MC.
Depois do hit, Konrad entendeu que havia um mercado a ser explorado ali. Sua segunda “canetada” veio com “É O Fluxo”, do MC Nego Blue, em 2012. Esse foi o primeiro vídeo postado no canal do Kondzilla, que hoje é o maior do país, com 66 milhões de inscritos e 37 bilhões de visualizações.
O sucesso astronômico de Konrad nasceu de sua ousadia, originalidade e, principalmente, sensibilidade para contar histórias – sejam elas em clipes ou em seriados como Sintonia, uma produção assinada e dirigida por Kond em conjunto com a Netflix. Em pouco tempo, a série se tornou a produção brasileira mais assistida da plataforma.
Samantha Almeida, diretora de criação e conteúdo
Samantha é uma criativa nata. Carioca criada na Rocinha e apaixonada por histórias, ela foi vencedora do Prêmio Caboré 2021 na categoria “Profissional de Inovação” e homenageada em 2020 no projeto “Women to Watch”, do Meio & Mensagem. Hoje diretora de criação e conteúdo na Globo, a maior emissora do país, Samantha se dedica à construção de narrativas plurais entre os times que lidera.
Um traço fundamental no trabalho de Samantha é sua capacidade de observar a sociedade com um senso crítico para então criar conteúdos e histórias que transmitem o espírito do tempo. Isso é, na visão dela, a chave essencial para quem deseja trabalhar com comunicação.
“Tecnologia é meio e inovação é perspectiva. Para inovar, você precisa estar conectado ao seu tempo e entender quais são as demandas e necessidades urgentes daquele tempo”, afirma a especialista Samantha Almeida.
Jup do Bairro, cantora e compositora
“Eu gosto de imaginar as possibilidades do que eu não explorei ainda”. É assim que Jup do Bairro define seu processo criativo. Artista paulistana do Capão Redondo, no extremo sul de São Paulo, Jup é uma das grandes revelações da música brasileira – mesmo já tendo muito tempo de estrada.
Compositora desde os 13 anos, ela encontrou na música um caminho para se descobrir. Negra e travesti, ela trabalhou ao lado de Linn da Quebrada durante a criação do disco Pajubá, em 2017, e suas letras de toque visceral e sincero flertam com diferentes gêneros, indo do pop ao punk. Em 2020, lançou o EP Corpo Sem Juízo, em que trabalhou com nomes como Rico Dalasam e Deize Tigrona.
2022 tem sido um grande ano para Jup do Bairro: depois de abrir a turnê de seu EP em uma apresentação no festival Lollapalooza, ela percorreu o circuito de festivais de São Paulo, passando pelo Popload e pelo Primavera Sound, e fez grandes parcerias com a cantora Pitty e com a banda Fresno. Para o ano que vem, a promessa é o lançamento de um longa chamado “Juízo Final”, um musical dirigido e roteirizado por ela, que deve seguir a toada do EP Corpo Sem Juízo.
“É isso que me move e que me mantém poderosa. Em Corpo Sem Juízo eu partia de um conceito de nascimento, vida, morte e ressurreição. Agora eu quero experimentar coisas que o meu corpo ainda não viveu e tocar o inimaginável”, diz Jup do Bairro.
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