Na década de 1950, estudiosos já falavam sobre o fim do dinheiro, ou seja, um futuro em que não haveria mais papel-moeda. Para eles, todas as transações seriam feitas através de um cartão plástico.
Acelere para o século 21: o Pix já é o meio de pagamento mais popular entre os brasileiros e o Banco Central anunciou a chegada do Drex, a nova moeda digital oficial do Brasil.
Hoje, inclusive, já é possível resolver tudo sem tocar em dinheiro ou ir a uma agência bancária.
Olhando para esse cenário o fim do dinheiro está próximo? Estamos mesmo à beira de um mundo de dinheiro totalmente digital? O que isso significaria na prática?
O papel-moeda vai acabar no Brasil?
Entre cartão de crédito, pagamento instantâneo, transferência e QR Code, existem hoje dezenas de formas de fazer transações financeiras sem nunca tocar em cédulas e moedas. Mas será que é tão simples assim falar que teremos um futuro só de dinheiro digital?
Para responder essa pergunta, é preciso lembrar antes de um dado muito importante: um em cada três brasileiros não têm acesso à internet.
Isso significa cerca de 36 milhões de pessoas offline no país, segundo a pesquisa TIC Domicílios, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), que foi divulgada em maio de 2023.
Em áreas rurais, o índice de brasileiros sem internet chega a 53,5%.
Para boa parte dessas pessoas, meios físicos de pagamento não são só uma opção. São uma necessidade. Há lugares no Brasil e no mundo em que o pagamento exclusivamente digital está muito longe de ser uma realidade.
Países com contextos muito diferentes do nosso (como a Dinamarca e a Suécia) hoje já permitem que lojas recusem pagamentos em dinheiro físico. Mas essa discussão também já chegou por aqui, embora não tenha ido pra frente: em 2016, uma ideia legislativa propunha o fim do papel-moeda no Brasil.
Então o uso de meios digitais de pagamento não aumentou?
Muito pelo contrário. A pandemia agilizou o processo de digitalização de pagamentos em três anos, segundo dados do Data Nubank.
Com a necessidade do distanciamento social, as pessoas aumentaram o uso de meios digitais para fazer transações – as compras online no cartão Nubank, por exemplo, chegaram a 45% em abril de 2020, um patamar que só era esperado para 2023.
No meio do caminho veio o Pix. O sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central cresceu com rapidez. De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), ele já é o preferido entre os brasileiros e foi o meio mais utilizado em 2022, com R$ 24 bilhões em transações.
Mas, do outro lado da balança, a história é diferente.
Pode parecer contraditório, mas, ainda que os pagamentos digitais tenham aumentado, a demanda por papel-moeda também cresceu durante a pandemia.
Em julho de 2020, o Banco Central comunicou a criação da nota de R$ 200. Uma das justificativas citadas foi o processo de entesouramento que o Brasil começou a passar – em outras palavras, pessoas acumulando mais dinheiro físico em casa.
Todo ano, o BC faz uma estimativa de quanto dinheiro físico precisa estar disponível para a população. A expectativa para 2020 era que o pico de dinheiro em circulação fosse de 301 bilhões de reais em dezembro. Só que já em abril, no começo da pandemia, o pico foi de 342 bilhões de reais, muito acima do esperado.
A explicação do Banco Central foi de que, em momentos de incerteza, as pessoas ainda se voltam para as reservas de dinheiro, que conhecem melhor e confiam.
Ou seja: dinheiro físico ainda importa muito
As notas e moedas ainda são o principal meio de pagamento para 44% dos brasileiros, segundo o Instituto Locomotiva – no caso das pessoas das classes D e E, isso cresce para 65%.
Mas o Brasil e o mundo caminham sim em uma direção mais digital.
Ao se referir a uma sociedade sem dinheiro físico na década de 50, os estudiosos falavam que todas as transações seriam feitas com um cartão de plástico. E, em certo ponto, as previsões estavam certas: segundo o Banco Central, são mais de 190,8 milhões de cartões de crédito ativos no Brasil.
Conforme o mundo avança, as definições de novas tecnologias também mudam.
O fim do dinheiro está mesmo próximo?
É pouco provável – pelo menos em um futuro previsível. Segundo um artigo da professora de Harvard Shelle Santana, estamos caminhando para um mundo com cada vez menos dinheiro físico. Mas não com ele totalmente eliminado.
Acelerar a digitalização dos meios de pagamento tem várias vantagens, como a diminuição de custos de produção, a praticidade e a documentação das transações.
Mas garantir que esse processo aconteça sem que uma parcela da sociedade seja excluída do mundo financeiro é fundamental.
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