Quando o assunto é inflação, geralmente a conversa vem acompanhada de uma enxurrada de siglas: é o IGP-M ditando o reajuste do aluguel, o IPCA mostrando a alta dos preços do supermercado, o INPC influenciando o valor do salário mínimo… Mas por que essas siglas impactam tanto o nosso dia a dia? E para quê exatamente elas servem?
O objetivo desses três indicadores é o mesmo: medir a inflação e apontar como está o poder de compra da população diante das variações nos preços de produtos e serviços de um mês para o outro.
A principal diferença entre o IGP-M, o IPCA e o INPC são os recortes que eles fazem. É como se todos fotografassem a mesma paisagem, só que de ângulos diferentes:
- O IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado) é calculado pela FGV e mede a variação de preços englobando diversas etapas de uma cadeia produtiva – ou seja, abrange não só os preços que chegam na ponta final de venda, como também os do meio do processo;
- O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), por outro lado, é calculado pelo IBGE e mede a variação de preços de produtos e serviços somente para o comprador final;
- Já o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) olha para a mesma variação de preços de produtos e serviços para o comprador final, mas sob uma outra perspectiva: a das famílias de baixa renda.
Você pode saber mais sobre o IPCA aqui e sobre o IGP-M aqui. Abaixo, entenda melhor o que é o INPC e para que ele é usado.
O que é INPC?
O INPC é um índice calculado mensalmente pelo IBGE para medir a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumidos pelas famílias com rendimento médio mensal de 1 a 5 salários mínimos.
De tempos em tempos, o IBGE faz a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) para entender o que a população brasileira consome: arroz, feijão, roupas, material escolar, médico, brinquedos… E é com base nos dados da POF que o instituto constrói a cesta de produtos e serviços consumidos pelas famílias a partir das seguintes categorias:
- Alimentação e bebidas;
- Habitação;
- Artigos de residência;
- Vestuário;
- Transportes;
- Saúde e cuidados pessoais;
- Despesas pessoais;
- Educação;
- Comunicação.
Nessa cesta, cada item tem um peso diferente de acordo com a frequência com que é utilizado pelas famílias. Para o INPC, gastos com alimentação e bebidas, habitação e transportes têm um peso maior do que outras categorias por serem essenciais e representarem as maiores fatias dentro da cesta de consumo da população.
Com essas informações, o IBGE calcula quanto do rendimento das famílias é usado para consumir esses itens, e de quanto foi a variação nos preços de um mês para o outro.
Se hoje o rendimento de uma família é o mesmo de um mês atrás, mas esse dinheiro já não é capaz de comprar os mesmos produtos que no mês anterior, isso significa que o índice aumentou. Ou seja: o preço dos produtos subiu e o poder de compra da população não acompanhou esse crescimento.
Qual a diferença entre IPCA e INPC?
A diferença entre eles está justamente no termo “Amplo”. O IPCA engloba as famílias com rendimento entre 1 e 40 salários mínimos, enquanto o INPC considera apenas as famílias com rendimento médio de 1 a 5 salários mínimos.
Quando os preços do arroz, do feijão, do óleo e do gás de cozinha sobem, esse aumento é sentido com muito mais intensidade por uma família com rendimento de até 5 salários mínimos do que por uma família com rendimento de até 40 salários mínimos.
Portanto, o INPC é um retrato mais fiel do impacto da inflação sobre as famílias de baixa renda, já que, por comprometerem boa parte de seu dinheiro com itens básicos, como alimentação e habitação, elas também são mais vulneráveis economicamente às variações de preços.
Apesar do recorte feito pelo INPC indicar como a inflação atinge os mais pobres, o índice oficial da inflação no Brasil é o IPCA.
Para que é usado o INPC?
O INPC é usado para reajustes salariais em negociações trabalhistas, além de ser o índice utilizado pelo Governo Federal para a correção da aposentadoria e do salário mínimo.
Como o indicador reflete a inflação para a população que é mais vulnerável economicamente, o uso do INPC como base para reajustes acontece para garantir a manutenção do poder de compra das famílias de baixa renda, visando diminuir o impacto que a variação dos preços dos produtos tem sobre os seus rendimentos.
Seguindo o INPC, a proposta em análise no Senado é de que o salário mínimo seja reajustado para R$ 1.147 em 2022. Atualmente, o valor é de R$ 1.100.
No caso de reajustes salariais, apesar do INPC ser utilizado como base pelos sindicatos em meio às negociações trabalhistas, a alteração nem sempre se concretiza. No primeiro semestre de 2021, 52,3% dos reajustes salariais no Brasil ficaram abaixo do indicador, de acordo com análise do Dieese baseada em dados do Ministério da Economia.
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