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Real digital é Drex: ent...

Real digital é Drex: entenda tudo sobre a moeda digital oficial do Brasil

O que isso realmente significa? É o fim do dinheiro em espécie? Com o Drex, o Brasil vai criar sua própria versão do "bitcoin"?



Real digital moeda digital brasileira: fotografia de fios de luz descendo sobre a câmera, com o centro da imagem iluminado e e destaque. Créditos Joshua Sortino

O Banco Central está trabalhando na criação de uma moeda digital brasileira oficial, chamada Drex. A instituição divulgou a escolha do nome e mais detalhes do desenvolvimento da versão digital do Real, que deve chegar ao público até o final de 2024.

Mas o que isso realmente significa? É o fim do dinheiro em espécie? O Brasil vai criar sua própria versão do bitcoin? 

Calma, não é bem assim. Entenda, abaixo, as respostas para as principais dúvidas sobre a moeda digital brasileira.

Drex, a moeda digital brasileira oficial: o que isso significa?

Sabe as notas de Real que você guarda na sua carteira? O Drex, a moeda digital oficial brasileira será mais ou menos como elas – exceto que só existem no ambiente virtual. A ideia é que o Drex seja uma nova forma de ter dinheiro e fazer transações com ele.

Como fica o Real digital?

O Drex nada mais é do que o novo nome anunciado para o projeto, antes chamado de Real digital. Em outras palavras, segundo o Banco Central, o Drex é uma nova representação do real em uma plataforma virtual. 

Para a instituição, o impacto para economia e para a relação das pessoas com o dinheiro pode ser comparado com o do Pix: da mesma forma que o meio de pagamentos instantâneo popularizou e barateou as transações financeiras, o Drex vem para democratizar o acesso a outros serviços financeiros, como crédito, investimento e seguros.  

O assunto não é de hoje

As discussões sobre o assunto ficaram intensas nos últimos anos em todo o mundo por causa do crescimento do mercado de criptomoedas, como o bitcoin e, em agosto de 2020, o BC criou um grupo para estudar moedas digitais emitidas por bancos centrais, chamadas de Central Bank Digital Currency, CBDC, ou Moeda Digital Emitida por Banco Central, em tradução livre.

Na época, um comunicado do Banco Central afirmou que, apesar da quantidade de pagamentos eletrônicos estar crescendo nos últimos anos (principalmente pela evolução da tecnologia de dispositivos e comunicação móveis), o dinheiro continuava materializado em “papel e círculos de metal” – ou seja, dinheiro físico.

A criação de uma moeda digital emitida por banco central, entretanto, permitiria que os brasileiros pudessem interagir com seu dinheiro de uma forma completamente digital.

Mas o que é essa moeda digital oficial na prática?

Conhecida ao redor do mundo pela sigla CBDC, uma moeda digital emitida por banco central é como a versão virtual da moeda de um país – no caso do Brasil, o Real. Ou seja: ambas servem para realizar compras, estipular o valor de algo, guardar para o futuro, entre outras finalidades.

Atualmente, boa parte das transações que acontecem no país já são feitas na forma digital: o relatório The Global Payments Report mostrou que, em 2023, apenas 31% das operações foram feitas com cédulas.

A diferença é que, hoje, a única forma do Banco Central emitir dinheiro é por meio de notas e moedas em espécie. Com a criação de uma moeda digital, a instituição também poderia emitir reais no formato virtual, colocando em circulação moedas que nunca foram impressas e mudando a forma de enxergar o dinheiro.

Além do Brasil, países como Estados Unidos, China, Coreia do Sul e Suécia também estudam criar suas moedas digitais emitidas por bancos centrais.

Isso significa que o Brasil vai criar sua própria criptomoeda?

Não, o Brasil não está criando seu próprio Bitcoin! Apesar de as CBDC e as criptomoedas, como o bitcoin, viverem no mundo digital, existem diferenças importantes que as separam.

Uma moeda digital emitida por banco central, como o próprio nome já diz, é regulada pela autoridade monetária de um país. Ou seja: todas as decisões sobre ela são centralizadas numa instituição responsável por regular o sistema financeiro de uma nação.

Já criptomoedas, como o bitcoin, são emitidas e distribuídas de forma descentralizada – não por um governo ou banco central específico. Quem regula o sistema é a própria rede de usuários, não uma instituição.

Outra diferença importante é que, enquanto criptomoedas são tratadas como ativos financeiros, as CBDC funcionam como o dinheiro tradicional, usadas para tarefas do dia a dia, como pagar contas, transferir para outras pessoas e guardar.

Hoje em dia, por exemplo, você não pode pagar por qualquer coisa usando bitcoins, certo? Com o Drex, isso seria possível. Além disso, ele também vai permitir que as pessoas tenham acesso a outros serviços financeiros que estão sendo desenvolvidos com novas tecnologias, como contratos inteligentes e dinheiro programável.

 Vem aí o fim do dinheiro físico?

Não – pelo menos, não em um futuro previsível! O dinheiro físico ainda é importante em diversas regiões e pelos mais variados motivos, apesar de estar sendo usado cada vez menos com o avanço da digitalização financeira. A ideia do Banco Central do Brasil é que o de que o Drex seja um complemento ao real em espécie.

Como deve ser  o Drex, a moeda digital brasileira oficial?

Justamente por serem moedas digitais emitidas por bancos centrais, cada CBDC tem características próprias que variam de acordo com o objetivo de cada instituição. No Brasil, o Banco Central que o Drex está em fase de testes, mas a instituição já afirma que a moeda digital deve trazer mais rapidez, praticidade e menor custo para várias transações contratuais e financeiras que os brasileiros fazem atualmente.

Isso significa que já está tudo definido? Não, mas já dá para ter uma ideia do que pode vir pela frente:

  • Pagamentos com sistema de smart contracts (contratos inteligentes, em tradução). Na compra de um carro, por exemplo, a transferência de propriedade do veículo será feita simultaneamente ao pagamento;
  • Modelo de distribuição intermediado pelos participantes do sistema de pagamentos, como bancos e fintechs – ou seja, o Drex vai precisar ser armazenado numa carteira virtual de uma instituição financeira;
  • Foco em tecnologia para fomentar modelos de negócio inovadores que tragam mais eficiência à economia do país.

Com essas diretrizes, o plano do Banco Central é testar todas as funcionalidades, em parceria com as instituições financeiras do Brasil, e lançar o Drex até o final de 2024.

E o que dá para esperar de um Brasil com o Drex?

De acordo com o Banco Central, um dos principais focos da iniciativa do Drex é a criação de uma infraestrutura de mercado e, assim, algumas possibilidades se abrem com a implementação de uma moeda digital brasileira oficial.

Além dos contratos inteligentes, outras tecnologias de programabilidade devem surgir no cotidiano dos brasileiros, formando a base de um novo ecossistema de serviços financeiros digitais. 

Uma delas, por exemplo, é a conexão do sistema financeiro à chamada “internet das coisas”, que permite o desenvolvimento de produtos inteligentes ligados à rede de computadores. Com isso, uma geladeira que consegue identificar que um produto está acabando poderia, automaticamente, comprar este item em um supermercado e pagar com o Drex.

Outra possibilidade, de acordo com o Banco Central, seria o pagamento automático em supermercados, sem a necessidade de passar em um caixa – como já acontece em alguns mercados fora do país.

Ainda não é possível dizer exatamente como vai ser tudo isso na prática, mas dá para afirmar que o futuro do dinheiro no Brasil já está em construção.

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