O Copom (Comitê de Políticas Monetárias) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira, 16 de setembro, manter a taxa Selic em 2% depois de uma série de cortes consecutivos que teve início em agosto de 2019 – nesse período, a Selic caiu de 6% para os atuais 2%, totalizando nove cortes.
Essa decisão deixa duas questões: por que estabilizar a Selic depois de tantas quedas? E, na prática, alguma coisa muda para os brasileiros?
Abaixo, veja as respostas para essas perguntas.
Por que a Selic deixou de cair?
É importante dizer que a manutenção da Selic em 2% não significa que ela nunca voltará a cair – em algum momento, isso pode acontecer, embora as expectativas do mercado sejam de que isso não aconteça ainda em 2020.
Na decisão, o Copom cita que “entende que a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno. Consequentemente, eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo ocorreriam com gradualismo adicional e dependerão da percepção sobre a trajetória fiscal, assim como de novas informações que alterem a atual avaliação do Copom sobre a inflação prospectiva.”
Existem motivos por trás da decisão de não fazer mais um corte na Selic, com o intuito de movimentar ainda mais a economia:
1. A projeção para a inflação
Para o final do ano, espera-se que a inflação feche em 1,8%, um número já muito próximo dos atuais 2% da Selic. É importante para a economia que a taxa de juros básica (a Selic) seja maior que a inflação, pelo menos cobrindo-a – o crescimento econômico é promovido quando a taxa básica de juros é maior que a inflação.
2. O aumento de preços da cesta básica
Quando o governo faz um corte na Selic, é com o intuito de movimentar a economia e estimular o consumo, normalmente levando a um aumento na inflação; com a tendência de alta nos preços de itens da cesta básica brasileira, em especial o do arroz, manter aa Selic é uma maneira de controlar a inflação.
3. “Recuperação parcial” da economia brasileira
Na última reunião do Copom, que aconteceu em 5 de agosto, o Comitê especificou em sua decisão de corte que haviam indícios de uma “recuperação parcial” da economia brasileira. Notícias recentes mostram que essa projeção está se concretizando: o conjunto de indicadores de atividade da economia teve uma alta de 1,1% em agosto, embora ainda seja menor do que o registrado antes da pandemia.
E vale dizer: o Fed, Banco Central dos Estados Unidos, também decidiu nesta quarta-feira, 16 de setembro, não alterar a sua taxa de juros básica. Hoje, ela está próxima de 0%.
O que muda com a Selic a 2%?
Na prática, qualquer mudança na Selic afeta as demais taxas de juros praticadas pelo mercado e pelas instituições financeiras – seja de operações de crédito ou de investimentos. Portanto, como não houve queda ou aumento da Selic, a tendência é que essas taxas fiquem iguais.
Também não deve haver nenhum impacto ou mudança na projeção de inflação, que normalmente é uma das motivações para o Copom abaixar ou diminuir a Selic.
O que é a Selic, mesmo?
A Selic é a taxa de juros básica da economia: ela serve de referência para todas as outras taxas – como os juros de um empréstimo ou o rendimento de uma aplicação.
Um exemplo prático: vários investimentos em renda fixa têm a remuneração atrelada ao CDI. O CDI, por sua vez, anda sempre muito próximo da Selic. Por isso, quando a Selic cai, o CDI também tende a diminuir, afetando diretamente os rendimentos de aplicações em renda fixa.
Vale lembrar: durante a reunião, o Copom estabelece a meta da Selic, não a taxa em si. O que o Banco Central faz é comprar ou vender títulos públicos para influenciar o mercado, aumentando ou diminuindo a demanda para mexer no preço e impactar os juros.
Veja todos os detalhes sobre a Selic.
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