Quem é fluente em startupês – o idioma não oficial das startups – já deve está familiarizado com o termo “unicórnio”. Mais do que isso, praticamente todo empreendedor em potencial tem o sonho de ver sua empresa virar uma startup unicórnio.
O conceito é simples: unicórnio é o nome dado a startups avaliadas em mais de U$ 1 bilhão.
Chegar lá, no entanto, não é tão fácil.
De onde veio o termo startup unicórnio?
A primeira pessoa a usar essa expressão foi a investidora de capital americana Aileen Lee, em seu artigo Welcome to the unicorn club: learning from billion-dollar startups (“Bem-vindo ao clube dos unicórnios: aprendendo com as startups de um bilhão de dólares”).
A palavra “unicórnio” brinca com a ideia de que esse tipo de empresa seria extremamente raro. Nas palavras da própria, Lee, “sabemos que não é perfeito – unicórnios aparentemente não existem (…). Mas gostamos desse termo porque ele alude a algo raro e mágico.”
Quando se leva em consideração que boa parte das startups que viraram gigantes começaram com ideias consideradas absurdas e inacreditáveis, a analogia parece fazer ainda mais sentido.
Quantos unicórnios existem?
“Raro” já não é mais um adjetivo facilmente aplicável a este tipo de empresa. Em 2013, quando publicou seu artigo, Lee mapeou 39 startups com status de unicórnio; em janeiro de 2020, segundo a consultoria CB Insights, já são 442 no mundo.
Hoje já se fala, inclusive, em variações dependendo do tamanho da avaliação – decacórnio para startups avaliadas em mais de U$ 10 bilhões, hectocórnio para U$ 100 bilhões etc.
Como funciona essa avaliação?
Há algumas formas de determinar o valor de uma empresa – e cada uma tem uma ciência por trás. Quando uma empresa ainda não tem capital aberto, a avaliação normalmente é feita pelos fundos que investem nela.
Este fundos tipicamente “apostam” na ideia e potencial de crescimento das startups, muitas vezes antes mesmo de elas darem qualquer tipo de lucro. A ideia é dar suporte ao crescimento e esperar um retorno consideravelmente maior no futuro.
Como prática do mercado, estes investimentos costumam ser feitos em rodadas (contamos aqui como o Nubank se tornou o maior banco digital independente do mundo após sua sétima rodada). Em linhas gerais, os fundos e a startup entram em um acordo sobre qual será a avaliação divulgada ao mercado.
Qual é o segredo para virar uma startup unicórnio?
Essa é a pergunta de um milhão (ou melhor, bilhão) de dólares. Empresas não passam a valer tudo isso da noite para o dia. Na verdade, uma parte considerável delas não sobrevive aos primeiros anos – de acordo com a CB Insights, 70% das startups não chegam ao segundo ano depois de terem seu primeiro investimento.
Não existe uma fórmula mágica para o sucesso, embora unicórnios de destaque compartilhem algumas características. Essa pesquisa da bunch.ai, consultoria de cultura empresarial, apontou três delas:
1. Não abrem mão de seus princípios
Segundo o estudo, as empresas cujos funcionários têm alto foco em propósito e bons princípios (por exemplo, sempre tentar fazer a coisa certa, mesmo que não seja bom para a companhia no curto prazo) têm 44% mais chances de se tornarem unicórnios – indo contra o senso comum de que a única forma de crescer é abandonando integridade.
2. Não se perdem nas minúcias
Os dados apontam que empresas muito focadas em detalhes têm 21% mais chances de falhar. O negócio das startups é rápido e orientado para preencher aquilo que o mercado ainda não oferece. É por isso que muitos empreendimentos de sucesso adotam metodologias ágeis para se tornarem mais eficientes.
Importante: isso não significa colocar na rua um produto mal acabado, mas sim, ir melhorando-o aos poucos em vez de segurá-lo até que esteja perfeito.
3. Mantêm o foco em resultados
De acordo com a consultoria, startups que se direcionam bem para os resultados de entregas têm 15% mais chance de serem bem-sucedidas.
Um resumo? Querer ser um unicórnio não deveria ser um objetivo por si só, mas sim, uma consequência de um trabalho bem feito.
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