O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu, em janeiro de 2024, reduzir a taxa básica de juros da economia, a Selic, de 11,75% para 11,25% ao ano. Esta foi a quinta queda seguida, depois de quase três anos de altas e manutenções da taxa. A maioria dos analistas do mercado financeiro já esperava o recuo.
A queda da taxa de juros tem a intenção de tornar o crédito mais barato e, assim, aumentar o consumo para voltar a aquecer a economia. Entenda abaixo o que está acontecendo com a taxa Selic.
Por que a taxa Selic demorou tanto para cair?
Por causa da pressão inflacionária e da alta do dólar – elas são os principais motivos para o Banco Central subir ou reduzir a taxa básica de juros.
É que o Banco Central usa a taxa Selic para controlar a inflação. Assim, quando a Selic sobe, os juros cobrados nos financiamentos, empréstimos e cartões de crédito ficam mais altos. Isso desestimula o consumo e favorece a queda da inflação.
Desde janeiro de 2021, o Banco Central aumentou a taxa Selic 12 vezes seguidas e, depois, manteve os juros em 13,75% ao ano por mais sete reuniões, com a intenção de reduzir a inflação que estava alta nos últimos anos. Mas os efeitos dos aumentos da Selic costumam levar de seis a nove meses para serem sentidos na prática e só começaram a se refletir na economia a partir do início de 2023.
Desde 2023, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial do país, vem desacelerando. O país chegou a registrar deflação (inflação negativa) em junho de 2023. O dado mais recente, do mês de janeiro de 2024, mostra que a inflação cresceu 0,42%.
A inflação de 2023 ficou em 4,62%, um recuo na variação dos preços em relação aos anos anteriores e acima da meta estipulada pelo Banco Central no acumulado do ano, que era de 3,25%, mas dentro do intervalo de tolerância, chamado de teto da meta (que, para 2023, ficou entre 1,75% e 4,75%) – o que favorece o recuo da Selic.
Se a inflação continuar em ritmo menos acelerado em 2024 e o cenário externo começar a se estabilizar, é possível que ocorram novas quedas da Selic. Mas muita coisa pode mudar no meio do caminho. Dependendo da situação econômica dos próximos meses, o Banco Central pode voltar a aumentar os juros ou até acelerar o ritmo de queda.
Selic ajuda a controlar o dólar
Apesar das cinco quedas seguidas, a taxa Selic segue alta, e juros altos também impactam o câmbio. Em outras palavras, a Selic interfere no valor do real frente às moedas estrangeiras.
Isso acontece porque, quanto mais alta a nossa taxa de juros, mais investidores estrangeiros são atraídos em busca de melhores rendimentos, com pouco risco. Por isso, eles trazem mais dólares para o mercado brasileiro e essa oferta impacta a taxa de câmbio – ou seja, o real fica mais valorizado frente ao dólar.
Além disso, com o real mais forte, diminui também a pressão inflacionária, pois muitos bens e serviços ficam mais caros quando o dólar sobe.
Desaceleração da economia é outro efeito colateral
Quando a taxa Selic sobe, empréstimos, parcelamentos ou financiamentos ficam mais caros. As empresas também têm mais dificuldades na hora de tomar crédito, o que também pode contribuir, por exemplo, com o desemprego. Quando isso acontece, temos o cenário chamado de estagflação, que é estagnação econômica com inflação.
Quando a Selic começa a cair, como está acontecendo agora, o crédito fica mais barato, estimulando o consumo de empresas e pessoas. Isso faz a economia se aquecer novamente. Mas esse aquecimento também depende do cenário internacional. A economia interna se favorece quando o cenário externo está mais estável.
Se a inflação continuar em ritmo menos acelerado e o cenário externo começar a se estabilizar, é possível que ocorram novas quedas da Selic, mas elas não devem ser fortes.
Leia também:
Selic alta: quais os melhores investimentos nesse cenário?
Quanto rende a poupança quando a Selic está alta? Vale a pena?
Estagflação: o que é esse conceito da economia?
Este conteúdo faz parte da missão do Nubank de devolver às pessoas o controle sobre a sua vida financeira. Ainda não conhece o Nubank? Saiba mais sobre nossos produtos e a nossa história.
{{#comments}}-
{{comment_author}}
{{comment_date}}
{{comment_content}}
{{/comments}}
{{#children}}-
{{child_comment_author}}
{{child_comment_date}}
{{child_comment_content}}
{{/children}}